sábado, 20 de março de 2010

Narração

Narrar é relatar fatos e acontecimentos, reais ou fictícios, vividos por indivíduos, envolvendo ação e movimento.
Na composição narrativa, o enredo gira em torno de um fato acontecido. Toda história tem um cenário onde se desenvolve. Desta forma, ao enfocarmos a trama, o enredo, teremos, obrigatoriamente, de fazer descrições para caracterizar tal cenário. Assim, acrescentamos: narração também envolve descrição.
Para começar a escrever pense que a narrativa deve tentar elucidar (esclarecer) os acontecimentos, respondendo às seguintes perguntas essenciais:
O QUÊ? - o(s) fato(s) que determina(n) a história;
QUEM? - a personagem ou personagens;
COMO? - o enredo, o modo como se tecem os fatos;
ONDE? - o lugar ou lugares da ocorrência
QUANDO? - o momento ou momentos em que se passam os fatos;
POR QUÊ? - a causa do acontecimento.

Dessa forma, o texto narrativo apresenta uma determinada estrutura e alguns elementos essenciais.

Estrutura:

I- Apresentação ou introdução:
É o momento do texto em que o narrador apresenta os personagens, o cenário, o tempo, etc. Nesse momento ele situa o leitor nos acontecimentos (fatos).

II- Complicação ou desenvolvimento:

É a parte central da narrativa na qual ocorre a maioria das ações. Começa num dado ponto do desenvolvimento e com ele termina, imediatamente antes do clímax. Ocorre quando se verifica intensificação contínua. As características que podem se intensificar na complicação:
• O envolvimento do receptor.
• A excitação das emoções do leitor.
• A velocidade da ação.
• A complexidade da ação.
• Os obstáculos para atingir os objetivos.
• A proximidade do objetivo a ser atingido.
• As dificuldades do personagem com quem o leitor simpatiza.
• O acirramento (levar a mover-se, a agir ou reagir; incitar, instigar; estimular) dos conflitos.

III- Clímax:
É a parte do enredo (de um livro, filme, novela etc.) em que os acontecimentos centrais ganham o máximo de tensão para os personagens envolvidos, prenunciando o desfecho; ápice. É a parte da ação em que se dão as ações que resolvem o processo que se complicava. O clímax desata o nó que se apertava continuamente na complicação e que fora atado no desencadeamento.
Enfim, é o momento de maior intensidade dramática da narrativa. É nesse momento que o conflito fica insustentável, algo tem de ser feito para que a situação se resolva.

IV- Desfecho ou conclusão:
É a parte final de uma obra literária, é como os fatos (situação) se resolvem no final da narrativa. Pode ou não apresentar a resolução do conflito.

Elementos:

I- Foco narrativo

a) Narração na 1ª Pessoa

A narração na 1ª pessoa ocorre quando o fato é contado por um participante, isto é; alguém que se envolva nos acontecimentos ao mesmo tempo em que conta o caso. A narração em 1ª pessoa torna o texto muito comunicativo porque o próprio narrador conta o fato e assim o texto ganha o tom de conversa amiga. Além disso, esse tipo de narração é muito comum na conversa diária, quando o sujeito conta um fato do qual ele também é participante.

b) Narração na 3ª Pessoa

O narrador conta a ação do ponto de vista de quem vê o fato acontecer na sua frente. Entretanto o contador do caso não participa da ação. Observar: "Era uma vez um boiadeiro lá no sertão, que tinha cara de bobo e fumaças de esperto. Um dia veio a Curitiba gastar os cobres de uma boiada".Você percebeu que os verbos estão na 3ª pessoa (era, veio) e que o narrador conta o caso sem dele participar. O narrador sabe de tudo o que acontece na estória e por isso recebe o nome de narrado onisciente. Observe: "No hotel pediu um quarto, onde se fechou para contar o dinheiro. Só encontrou aquela nota de cem reais. O resto era papel e jornal..."
Você percebeu que o boiadeiro está só, fechado no quarto. Mas o narrador é onisciente e conto o que a personagem está fazendo.

II- Discurso:

Um texto é composto por personagens que falam, dialogam entre si, manifestam, enfim, o seu discurso.

Há três recursos para citar o discurso alheio:

a) Discurso direto: ocorre quando o próprio personagem fala e são utilizados os verbos de elocução.
Exemplo
- Você sabe que o seu irmão chegou?

b) Discurso indireto: ocorre quando o autor conta com suas próprias palavras o que o personagem diria.
Exemplo
- Ele perguntou se ele sabia que o seu irmão havia chegado.

c) Discurso indireto livre: ocorre quando o autor mescla o discurso direto com o indireto, dando a impressão que o narrador e o personagem falam em uníssono (uma única voz). Não há presença de verbos de elocução, de travessões, dois pontos, nem de orações subordinadas substantivas próprias do discurso indireto.
Exemplo
”Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça. Forjara planos. Tolice, quem é do chão não se trepa.” ( Graciliano Ramos)

III- Personagens
A narrativa é centrada num conflito vivido pelos personagens. Diante disso, a importância dos personagens na construção do texto é evidente.
Podemos dizer que existe um protagonista (personagem principal) e um antagonista (personagem que atua contra o protagonista, impedindo-o de alcançar seus objetivos). Há também os adjuvantes ou coadjuvantes, esses são personagens secundários que também exercem papéis fundamentais na história.

IV- Tempo

a) Cronológico ou exterior:

É o tempo marcado pelo relógio. É o espaço de tempo em que os acontecimentos desenrolam e os personagens realizam suas ações;

b) Psicológico ou interior:

É o tempo que não pode ser medido, como o tempo cronológico, pois se refere à vivência dos personagens, ao seu mundo interior.

V- Espaço ou Ambiente físico:

É o espaço real, que serve de cenário à ação, onde as personagens se movem. O espaço ou ambiente pode ser desde uma praia a um lago congelado. De acordo com espaço ou ambiente é que os fatos da narração se desenrolam.

a) Espaço ou Ambiente social: é constituído pelo ambiente social, representando, por excelência, pelas personagens figurantes.

b) Espaço ou Ambiente psicológico: espaço interior da personagem, abarcando as suas vivências, os seus pensamentos e sentimentos.

Observe como se aplicam no texto de Manuel Bandeira esses elementos:

Tragédia brasileira

Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade.
Conheceu Maria Elvira na Lapa — prostituída com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria.
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.
Misael não queria escândalo. Podia dar urna surra, um tiro, urna facada. Não fez nada disso: mudou de casa.
Viveram três anos assim.
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e inteligência , matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.

Manuel Bandeira.

Veja como o esquema foi usado:

• O quê? Romance conturbado, que resulta em crime passional.
• Quem? Misael e Maria Elvira.
• Como? O envolvimento inconseqüente de um homem de 63 anos com uma prostituta.
• Onde? Lapa, Estácio, Rocha, Catete e vários outros lugares.
• Quando? Duração do relacionamento: três anos.
• Por quê? Promiscuidade de Maria Elvira.

Quanto à estruturação narrativa convencional, acompanhe a seqüência de ações que compõem o enredo:

• Apresentação ou Introdução: a união de Misael, 63 anos, funcionário público, a Maria Elvira, prostituta;
• Complicação: a infidelidade de Maria Elvira obriga Misael a buscar nova moradia para o casal;
• Clímax: as sucessivas mudanças de residência, provocadas pelo comportamento desregrado de Maria Elvira, acarretam o descontrole emocional de Misael;
• Desfecho: a polícia encontra Maria Elvira assassinada com seis tiros.


Bibliografia

RODRIGUES, Paulo Cesar. http://www.algosobre.com.br/redacao/narracao.html. Acesso em: 20/03/2010
_________________________.http://www.algosobre.com.br/redacao/narracao-com-exemplos.html. Acesso em: 20/03/2010
http://pt.wikipedia.org/wiki/Enredo Acesso em: 20/03/2010
http://houaiss.uol.com.br/. Acesso em: 20/03/2010


6 comentários:

  1. Narrador é a pessoa que está narrando a história, seja ela na 3ª pessoa(quando ela observa) ou na 1ª(quando ela além de narrador, é também personagem).

    ResponderExcluir
  2. a lingua portuguesa e dificil no 8ªano

    ResponderExcluir
  3. nossa isso é mesmo o maximo
    já ñ fico mais de recuperação!!!!!!!!!!!!
    100% estudo

    ResponderExcluir
  4. parabens grande ideia graças a esse blog vou passar de ano.........

    ResponderExcluir